ESPECIAL INCÊNDIOS: Tudo o que fazer antes, durante e depois

Sílvia Cardoso – homify Sílvia Cardoso – homify
еклектичний by ARQUITECTURA E INGENIERIA PUNTAL LIMITADA, Еклектичний
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O passado Domingo foi considerado o pior dia do ano em relação a incêndios. Houve 524 incêndios que resultaram em 37 mortes e em vários feridos graves e ligeiros. Quando há fogos, para além da perda de vidas humanas – a pior das perdas – perdem-se também bens. Ardem casas, ardem terrenos de cultivo, ardem automóveis e máquinas agrícolas e ardem empresas em zonas industriais. O país transforma-se num quadro dantesco que nos deixa de nó na garganta e nos faz colocar a inevitável interrogação: “E agora?”

Há muitas coisas que falham, em Portugal, no que toca ao planeamento e à prevenção de incêndios. Para além das responsabilidades governativas, que são muitas e estão fora do nosso controlo (embora se possa e deva exigir mais e melhor), também temos as nossas responsabilidades, enquanto cidadãos, para evitar estes cenários devastadores. Fala-se das matas que não são limpas, das queimadas que têm lugar não obstante as temperaturas, dos foguetes para celebrar isto, aquilo e aquele outro. Acumula-se lixo fora da casa, não se protegem substâncias inflamáveis e atiram-se cigarros pela janela. A lista podia alongar-se. 

Hoje, e porque vale sempre a pena, vamos partilhar consigo algumas medidas para prevenir incêndios florestais ou minimizar as consequências dos mesmos e tentar ajudá-lo a reerguer-se se já foi fustigado por eles.   

Acompanhe-nos.

1. Mora numa área florestal? Não se esqueça de tomar estas medidas!

Antes de mais, comece por criar um perímetro de protecção em torno da sua casa. Controlar a vegetação num raio de 50 metros a partir da parede exterior do imóvel é não só essencial, como obrigatório.

Tem um jardim? Então, saiba que os arbustos e as árvores devem distar 5 metros em relação à casa. Entre eles, a separação deve ser de, pelo menos, 4 metros. No que toca às árvores, o desrame deve ser feito 4 metros acima do solo. Caso a árvore tenha uma altura inferior a 8 metros, desrame a parte inferior, ou seja, metade da árvore. Não deixe que a árvore se desenvolva por cima do telhado e dê preferência ao abate de árvores doentes e/ou enfraquecidas. 

Nos 10 metros à volta da casa não deve existir vegetação inflamável como canas, silvas e folhas secas. Evite também guardar lenha e substâncias inflamáveis neste perímetro. Providencie outro local para acomodar estes materiais (se não tem outra solução, então resguarde-os em compartimentos isolados) e, já agora, recomendamos que não trabalhe com combustíveis em dias quentes (se tiver que o fazer, espere pelas horas de menor calor).

Se tem plantações, separe as culturas por caminhos que funcionam como barreiras corta-fogo. E por falar em caminhos, mantenha os acessos à casa desobstruídos não só para entrar e sair facilmente, como também para facilitar a chegada de ajuda se necessária.

Vale sempre realçar que não deve fazer fogo nas florestas, lançar foguetes ou fogo de artifício ou deixar que um pequeno foco de incêndio cresça. Um foco de um minuto pode-se apagar com um copo de água. Um foco de cinco minutos pode não se conseguir apagar com uma tonelada de água. 

Incentive os seus vizinhos a fazerem o mesmo. Caso detecte uma situação de perigo, contacte as autoridades.

2. E quais são as medidas que deve pôr em prática em sua casa?

Já sabe que medidas deve tomar em relação à área ao redor da sua casa para prevenir os incêndios e/ou minimizar os estragos. 

Mas, o que pode fazer em relação à casa propriamente dita? Estão são as nossas sugestões:

- Numa boa parte dos países europeus, os detectores de fumo são obrigatórios, assim como é obrigatória a sua manutenção/revisão duas vezes ao ano. Estes detectores não são por norma colocados na cozinha (ou estariam sempre a disparar tendo em conta a natureza da área), mas sim na sala, nos quartos e no hall de entrada e corredores. Instalá-los é ter vigilantes atentos durante 24 horas. 

- Estamos habituados a ver os extintores nos espaços públicos, mas pode ter um ou mais em sua casa. O extintor pode vir a revelar-se muito útil para lidar com um pequeno incêndio até aos bombeiros chegarem. 

- A manutenção é essencial, sobretudo em casas antigas. Contrate profissionais para verificarem o funcionamento das instalações eléctricas, do sistema de gás, do ar condicionado e dos equipamentos. Os espaços de queima e/ou armazenamento de combustíveis devem também ser vigiados.

- Nas chaminés, instale uma rede de retenção de fagulhas e seja vigilante em relação às frestas por onde elas possam entrar. 

3. Materiais resistentes ao fogo: parte 1

Se vai construir, remodelar ou reconstruir a sua casa, então aposte em materiais resistentes ao fogo. O fogo demora mais tempo a afectar estes materiais, ou seja, não é uma questão de “se o fogo vai afectá-los”, mas quando. Este retardamento é determinante não só para mitigar os estragos, como também para permitir que as pessoas escapem.

Considere os seguintes:

Betão: tão simples quanto isto. O betão é um dos materiais de construção mais comuns, sendo também altamente resistente ao fogo. É não-combustível e tem baixa condutividade térmica. O betão, para além de ser mais resistente do que o aço, é utilizado para reforçar este último. Note-se, contudo, que isto depende da qualidade do betão. O betão feito a partir de agregados naturais não é tão eficaz.

Madeira: a madeira oferece grande resistência quando sujeita a incêndios, pois tem propriedades físicas e mecânicas que sobressaem comparativamente a outros materiais. A madeira não entra em combustão directa. Primeiro, liberta gases que, com o calor, se transformam em chamas. As chamas aquecem a madeira não atingida e fazem-na libertar mais gases que alimentam a combustão, retardando o processo. Em poucas palavras, a madeira vai ardendo pelos contornos. Ao contrário do aço, que perde resistência a partir dos 80ºC e que aos 500ºC já perdeu 80% da resistência, a madeira suporta o seu próprio peso e o peso das barras de aço perante temperaturas de mais de 1000ºC.

Estuque: o estuque moderno é feito a partir de cimento, areia e cal, sendo um excelente material para os acabamentos dos edifícios. O estuque pode ser usado para cobrir qualquer material estrutural, como o tijolo ou a madeira.

Materiais resistentes ao fogo: parte 2

Gesso: muitos materiais estruturais vão precisar de uma subcamada em gesso para aumentar a resistência ao fogo. As placas em gesso, também conhecidas como Drywall, consistem numa camada de gesso ensanduichado entre duas camadas de papel. Há placas destas especialmente tratadas com aditivos que reforçam as qualidades anti-inflamáveis.

Tijolo: o tijolo é também um material resistente ao fogo. Na verdade, um tijolo, só por si, resiste mais ao fogo do que uma parede inteira feita em tijolos já que eles são ligados por argamassa que não é tão eficiente nesse sentido. Ainda assim, consoante a construção e grossura da parede, uma parede em tijolo pode resistir entre uma a quatro horas.

Tipos de vidro: para além de proporcionar maior eficiência energética, o vidro duplo dobra o tempo que as janelas demoram a quebrar, sendo que o vidro exterior é o que se parte primeiro. O vidro temperado, que leva um tratamento anti-calor, é quatro vezes mais forte do que o vidro normal. Embora não ofereça visibilidade, é altamente resistente, ao mesmo tempo que mantém a passagem da luz natural. A melhor solução pode, porém, passar por vidro aramado que tem um reforço metálico. As portas que precisam de ser resistentes ao fogo e oferecer visibilidade têm, muitas vezes, vidro aramado na sua composição.

4. “A minha casa ardeu: posso aproveitar alguma coisa?”

A resposta a esta questão não é linear. Tudo depende do tipo de fogo, ou seja, das temperaturas atingidas (que são muito altas em fogos florestais) e de imóvel. Começamos, aliás, por sublinhar a importância de pedir a avaliação de um técnico. Só ele lhe poderá dizer com certeza se é possível aproveitar alguma coisa sem comprometer a sua segurança.

Por ordem de vulnerabilidade crescente, deve-se começar por verificar a estrutura, depois as paredes de alvenaria, depois a rede de esgotos e de águas ao que se segue o sistema eléctrico e os revestimentos e caixilharias.

À resposta a esta questão estão também associados os materiais. Quanto mais resistentes – já lhe falámos sobre isso no ponto anterior -, maiores as probabilidades de se conseguir aproveitar alguma coisa.

5. Recomendações para a reconstrução

Está a preparar-se para erguer a sua casa das cinzas? Antes de mais, contrate bons profissionais. Verifique as obras já desenvolvidas por eles e peça referências a amigos ou a familiares que tenham construído ou remodelado casas recentemente. Lide apenas com profissionais que tenham licença e esteja atento a possíveis esquemas. Dirija-se às entidades municipais para se informar e obter todas as licenças de que necessita e não se esqueça de pedir orçamentos. Rodear-se de profissionais competentes é meio caminho andado para regressar à sua vida normal o quanto antes.

Antes de encetar este processo, reveja a sua apólice de seguro e crie uma lista dos danos e perdas. Tire fotografias e faça vídeos e tire números de série, se possível, para aproximar o custo de cada item. Guarde os recibos relativos às reparações, contratações de profissionais, entre outros. Mantenha-se sempre em contacto com o seu agente de seguros para não dar um passo em falso.

Nota homify: este processo não se aplica a pessoas que vão ser ressarcidas pelo Estado e que dependem do mesmo para a reconstrução das casas.

6. Profissionais de que pode precisar

Na homify, reunimos uma lista de profissionais qualificados que estão organizados por área de especialidade e de residência.

Para a consultar, basta aceder ao separador PROFISSIONAIS e escolher a categoria na coluna lateral esquerda. Vai encontrar arquitectosarquitectos paisagistascanalizadorescarpinteiroscolocadores de pisopintores, empresas para a instalação de telhados, entre outros.


A homify está totalmente solidária com todas as vítimas destes horríveis fogos. Se precisar de dicas em relação à reconstrução da sua casa e não só, não deixe de nos mandar mensagem. Responderemos assim que nos for possível e ajudá-lo-emos no que pudermos. Força e coragem, Portugal! 

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